Resenha: "Secret Garden" (2015) – Angra


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Aguardado com ansiedade, o novo álbum do Angra, “Secret Garden”, marca a volta da banda após nova mudança de vocalista. Edu Falaschi assumira esse papel em 2001, substituindo André Matos, e permaneceu nele até 2012.  O italiano Fabio Lione, ex-Rhapsody of Fire, contrariando algumas expectativas, foi confirmado como o novo vocalista, em caráter definitivo, e não apenas provisoriamente, como parecia quando entrou em 2013.
Assim como o título do álbum “Rebirth” indicava o renascimento do Angra com a entrada de Falaschi, a primeira faixa do novo lançamento, “Newborn Me” marca o novo momento de se reconstruírem. Além de Lione, a formação atual conta com o jovem baterista Bruno Valverde assumindo o lugar de Ricardo Confessori, que retornara para a banda em 2009. O trio das cordas, Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro (guitarras) e Felipe Andreoli (baixo), formam a estrutura estável do grupo.
Surpreende o fato de algumas músicas possuírem uma abertura forte, onde as guitarras estão à frente dos demais instrumentos. É o caso da primeira, “Newborn Me”, a que melhor segura uma pegada próxima do clássico “Carry On” durante toda sua execução, contando ainda com uma bem encaixada parte mais lenta no meio. Não por acaso, a segunda faixa também possui força semelhante – “Black Hearted Soul” traz riffs bem destacados, o que não era tão comum na banda.
“Final Light” também tem uma abertura pesada, seguida por um riff heavy que se desfaz para a entrada dos vocais. “Violet Sky” abre com distorção, trazendo uma pitada de stoner rock ao som. O ritmo acelerado é que dá o peso para “Perfect Symmetry”, que está recheado, desde sua entrada, por solos de guitarras. “Crushing Room” também começa assim, e alterna a sua dinâmica ao longo de seus cinco minutos, contando ainda com a participação de Doro Pesch.
Essas composições, então, marcam o lado mais heavy de “Secret Garden”. O lado progressivo pode ser conferido claramente em “Storm of Emotions”. Estamos falando de metal progressivo e apreciar esse estilo demanda atenção nos detalhes. Nesse sentido, pegue “Upper Levels” – ela não chama muita atenção, até se descobrir o engenhoso trabalho da vocalização a la Yes e da parte instrumental subsequente.
Há duas baladas no disco. Simone Simons canta a faixa título, uma balada incomum para o Angra, soando como as bandas de metal melódico com vocais femininos. Já “Silent Call”, sustentada por piano e vocal, sim, tem a cara do Angra.
Aqui e ali encontramos orquestrações e coros de vozes que podem cativar os fãs do som sinfônico do Rhapsody of Fire, ex-banda de Fabio Lione. Escute, por exemplo, “Secret Garden” e os começos de “Newborn Me” e de “Black Hearted Soul”
Destaques certeiros são “Newborn Me” e “Black Hearted Soul”, mas “Secret Garden” se distingue de fato na discografia do Angra por permitir a audição distinta de cada  instrumento e não como se fosse uma parede de som. Cabem elogios à produção inédita de Jens Bogren e também aos próprios músicos (incluindo o novo vocalista), que atuaram mais em função da banda e não da individualidade. Desta vez, o talento indiscutível de cada um aparece nos momentos certos, nos solos, nas pontes e outras partes dedicadas a isso. Há inclusive espaço para a seção rítmica de Felipe Andreoli e Bruno Valverde mostrarem suas habilidades no começo de “Upper Levels”, sem que precisem encher as músicas de viradas e variações fora da hora. Os teclados se concentram em criar ambientação e espessura ao som, e não em repetir sequências de notas. O próprio Rhapsody of Fire, com a saída de Luca Turilli, também seguiu nessa linha em seu último álbum.
Deixaram de fora influências de música brasileira, cuja ausência alguns fãs lamentarão.  É a nova fase do Angra e “Secret Garden” se situa bem acima dos seus últimos lançamentos, lado a lado com o melhor do que cada formação já produziu.

Por Eduardo Kaneco

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