Resenha de show: Deep Purple no Espaço das Américas – São Paulo – 11/11/2014

 
Chegou a vez da cidade de São Paulo receber os shows da turnê de divulgação do elogiado álbum “Now What?!” do Deep Purple. São duas apresentações no Espaço das Américas, a primeira em formato “teatro”, com cadeiras para o público, e a segunda com pista aberta para se assistir de pé. Descubra aqui como foi o primeiro show, ontem, 11 de novembro.
A banda de abertura, a paulista Plexiheads, tocou para um público pequeno. Com a disposição em cadeiras, com lugar demarcado, pouca gente teve pressa em ocupar seus assentos.
O Deep Purple subiu ao palco ao som de “Mars, the Bringer of War”, do compositor inglês Gustav Holst, falecido em 1934. Após a introdução, a banda tocou “Highway Star”, repetindo a escolha do show do dia 9 em Curitiba – no dia 7, em Brasília, haviam tocado “Aprés Vous”. Com o público devidamente aquecido, o Deep Purple emendou, sem pausas, duas faixas do LP “In Rock”: “Into The Fire” e “Hard Lovin’ Man”. Nesta última, Steve Morse teve um pequeno problema com sua guitarra, logo resolvido por ele mesmo. Mesmo assim, essa música foi um dos destaques da noite, por causa dos generosos solos de Don Airey (teclado) e de Morse. O vocalista Ian Gillan ainda fez uma graça com um mini gongo no momento do som, sampleado, deste instrumento na composição.
Finaliza o tour-de-force ininterrupto “Strange Kind of Woman”, que contou com um duelo de Gillan e Morse. Ao final, o vocalista pela primeira vez fala com o público, brincando que a parte jazzística do show tinha terminado e que começaria algo assustador. Era a deixa para a primeira música da noite do cd “Now What?!”: “Vincent Price” e seus sinistros acordes de teclado.
A ocupação da casa era de 85%, aproximadamente. Algumas cadeiras no fundo e nas laterais não estavam ocupadas. Mas a visão era boa de qualquer cadeira, pois a estrutura da casa estava muito bem montada. Para a produção, o Purple investiu na iluminação e nos painéis com imagens atrás do palco.
Gillan apresenta o “one and only” Steve Morse, que toca a faixa instrumental do cd “Bananas”, intitulada “Contact Lost”, ficando sozinho no palco, em certo momento.  Em seguida, a banda toca “Uncommon Man”, a música de “Now What?!” que tem cara de Emerson Lake & Palmer. Ao vivo, a semelhança é ainda maior. A única música extraída de “Rapture of the Deep” é “The Well-Dressed Man”, emendada com “Uncommon Man”.
Chega então a vez de “The Mule”, que ao vivo sempre inclui o solo de bateria de Ian Paice. A novidade no solo apareceu no momento em que, no escuro, Paice utiliza baquetas com luzes vermelhas e verdes. Depois, apesar do que Gillan havia declarado momentos antes, outro momento jazzístico tem lugar no show. É “Lazy”, que vem após um longo solo do tecladista Don Airey.
A terceira e última música do disco “Now What?!” apresentada na noite é “Hell to Pay”. Considerando que este é o trabalho divulgado na turnê, são poucas as faixas dele no show. “Hell to Pay”, que foi lançada como lado B do single de divulgação, funciona bem ao vivo.
Imagens de vitrais aparecem ao fundo do palco para ambientar o solo de Don Airey. Alternando entre efeitos sintetizados e som de piano, Airey entretém com facilidade o público, que vai ao êxtase com os primeiros acordes de “Perfect Strangers”. Até esse momento, todos se mantinham sentados em seus lugares, mas a partir daí, nem os fãs mais tântricos conseguiram se segurar. Todos ficaram de pé e alguns até se acumularam no corredor central de passagem.
O pique continuou em alta com duas das mais conhecidas músicas do Purple: “Space Truckin’” e “Smoke on the Water”. Gillan suportou bem os gritos do refrão da primeira e não fez feio. “Smoke on the Water” é aquela canção tão batida que ninguém mais seleciona para ouvir, porque tocou e toca em todo lugar. Mas vê-la ao vivo, apresentada pelo próprio Deep Purple, é outra coisa e o público, acompanhando as imagens do telão, também pega fogo.
O bis começa com a cover de “Green Onions” (Booker T. & The MG’s cover), em versão curta. Outra cover, “Hush”, vem em seguida. O clima festivo dessa canção combina com o alto astral da banda, que demonstra muito entusiasmo em estar no palco. Há um duelo de rapidez entre os instrumentistas Morse e Airey, apimentando esta versão. O baixista Roger Glover, finalmente, tem seu momento individual, e apresenta seu solo, acompanhado da bateria. Glover é tão simpático que, mesmo não mostrando grande virtuosismo, agita o público.
O vocalista Ian Gillan pode ser muito seco ao dar entrevistas ou receber os fãs, mas no palco é entusiasmado e alegre, interagindo e brincando bastante com seus companheiros. No final do solo de baixo, ele toma a frente do palco e “Black Night” é tocada com o acompanhamento de sempre do público cantando em coro. No meio, emendam um trecho de “How Many More Times” (Led Zeppelin). Sem pressa de ir embora, há ainda bastante improviso por parte de Morse, que tem tempo de apresentar um solo bem criativo antes de encerrarem a noite.

As apresentações do Deep Purple não são daquelas para se dizer: “Não vou desta vez porque já fui antes.”. Nesta sua 11ª passagem pelo Brasil, a banda comprova que, por causa dos improvisos dos seus instrumentistas, seus shows não são sempre os mesmos. Então, sempre que houver uma oportunidade, vale a pena ir a um show do Purple.
Setlist:

  1. Mars, the Bringer of War (Gustav Holst song)
  2. Highway Star
  3. Into the Fire
  4. Hard Lovin’ Man
  5. Strange Kind of Woman
  6. Vincent Price
  7. Contact Lost
  8. Uncommon Man
  9. The Well-Dressed Guitar
  10. The Mule
  11. Lazy
  12. Hell to Pay
  13. Keyboard Solo
  14. Perfect Strangers
  15. Space Truckin’
Por Eduardo Kaneco

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