Os 40 anos da estreia do Motorhead em vinil


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O Motorhead foi a maior e melhor banda punk da história. A afirmação é considerada uma heresia por muita gente, mas, por outro lado, é cada vez maior a parcela de roqueiros que acreditam piamente na frase.
A estética e o vestuário dos integrantes nada tinham de punk, mas sim a atitude e o som sujo e pesado, que estremecia prédios e incomodava muito aqueles que gostavam de música certinha e domesticada.
Há 40 anos o trio inglês lançava o seu primeiro álbum, autointitulado. Na verdade, era o segundo, já que o primeiro, “On Parole”, foi gravado em 1976, só que foi engavetado pela gravadora. Seria lançado somente três anos depois, quando o Motorhead já voava alto.
Agressivo, pesado, intenso e estridente, o som do trio era muito diferente do que se fazia em 1977 – a bem da verdade, eram bem diferente até mesmo do punk verdadeiro da Inglaterra.
No entanto, a porrada sonora levou alguns desavisados a jogar o Motorhead no mesmo balaio das bandas que cuspiam em tudo e em todos, com um barulho violento e caótico.
Curiosamente, mesmo com a sonoridade ríspida muitas vezes associada ao punk, o trio estava muito mais próximo dos punks norte-americanos, como Lemmy Kilminster, o baixista e vocalista, sempre alardeou. A afinidade com os Ramones era tamanha que os britânicos compuseram a música “R.A.M.O.N.E.S.”.
Enquanto os Sex Pistols vomitavam contra o governo e muitas mazelas sociais e o Clash se mantinha engajado, com um discurso politizado, os Ramones celebravam a adolescência e uma certa alegria na existência, por mais que o quarteto estivesse caído e tivesse que encarar um sem número de dificuldades.
O mesmo pode se dizer do Motorhead, cujos temas na época fugiam da efervescência punk. Com um pouco mais de “sofisticação”, os ingleses detonavam tudo e todos, em uma série de pancadas rápidas e precisas.
O espírito ainda é de banda de garagem, por mais que Lemmy já estivesse com 32 anos e ainda ralasse muito para conseguir pagar as contas e sobrar algum para as drogas e as bebidas.
O álbum não tinha o som elaborado e bem construído dos clássicos que viriam poucos anos depois. O som é cru e despojado, mas transmitia uma urgência e uma raiva que poucas vezes o rock tinha visto – possivelmente, só com MC5 e The Stooges.
O disco não chamou muito a atenção, mas serviu como cartão de visitas para estabelecer o trio, finalmente, como uma banda respeitada e para construir, ainda que de forma lenta, um público de pubs que adorava a energia punk e o som pesado.
Até então, poucos imaginavam que o álbum legaria duas músicas que só muitos anos depois virariam clássicos da banda, como “White Line Fever” e “Iron Horse/Born to Lose”, para não falar na envenenada versão de “Train Kept a Rollin’” e da sombria e assustadora “Motorhead”, música de Lemmy gravada anteriormente pelo Hawkwind.
Com estética punk ou não, o fato é que o Motorhead trilhou seu caminho de forma buscar peso em composições mais elaboradas, distanciando-se rapidamente das bandas contemporâneas.
No fundo, tudo era blues, um blues nervoso e instigante, tocado a uma velocidade inimaginável e em volumes ensurdecedores. Não é à toa que, assim como Dio, Lemmy e seu Motorhead são unanimemente reverenciados.
 

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