O rock delas está cada vez mais forte – e elas brilham muito no Brasil

 Com as bandas de heavy metal extremo mais conhecidas ou em estúdio gravando ou passando longas temporadas em turnê – quando não trocando incessantemente de integrantes -, duas bandas formadas por mulheres que atuam voltadas para o mercado nacional ganham destaque desde o ano passado com trabalhos consistentes.

A Malvada é um quarteto de hard rock que canta em português e aposta em um viés mais pop, só que encharcado de blues e muita sensualidade, abordando temas mais intimistas com o olhar feminino – é óbvio -, mas evitando o sentimentalismo e enveredando por um lado mais empoderado, completamente distante do mundo triste e rancoroso das sertanejas.

É uma banda que deu certo muito rápido, já que as meninas se conheceram pessoalmente no estúdio um pouco antes da pandemia. 

Claro que os contatos anteriores virtuais azeitaram o caminho, mas o entrosamento foi tão bom que logo entrara em estúdio para gravar o disco “A Noite Vai Ferver”, de 2021, com uma série de hits potenciais, como a faixa-título e “inovaMais Um Gole”, por exemplo.

O single mais recente, “Perfeito Imperfeito”, lançado no começo do ano, é um hard potente e com a característica da banda, uma levada bluesy que quase descamba para a balada – agradou tanto que ganhou uma versão acústica mais lenta e romântica.

O quarteto formado por quatro garotas com experiências tão diferentes prova que é possível fazer algo diferente sem necessariamente inovar ao extremo.

É o mesmo caminho traçado pelo trio instrumental Ema Stoned, de São Paulo, Totalmente underground, toca jazz e rock experimental com tamanha desenvoltura que chama a atenção de fãs e sites internacionais – já são quase dez anos na estrada.

Com uma bagagem recheada, passeia com class e qualidade pelo ambiente progressivo, com toques importantes de King Crimson, e pela psicodelia pesada do Led Zeppelin e a delicadeza surpreendente do s Mutantes. Não é à toa que seu show mais recente se chama “Devaneios”, que deve nomear o próximo álbum.

Outro trio de mulheres que voou em 2022 foi The Damnnation, que saboreia a boa repercussão de seus trabalhos, o EP “Parasite” e o álbum “Way of Perdition”. 

O death metal praticado é radical e muito extremo, com uma velocidade alucinante e riffs que penetram na alma. É impossível ficar indiferente à pancadaria sonora de uma banda que se encontrou pela primeira vez em estúdio para tocar após indicações e contatos virtuais. 

Como na Malvada, a química foi perfeita, apesar da troca de baterista por questões logísticas – a original mora em Minas Gerais. O trio acaba de voltar de uma bem-sucedida turnê sul-americana.

The Damnnation (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Os dois destaques femininos dos últimos anos no Brasil estão concentrados nos próximos lançamentos. O quarteto Crypta incorporou a guitarrista Jessica Jessica di Falchi no lo lugar da holandesa Sonia “Anubis” Nesselder e hoje divide os holofotes internacionais das bandas extremas brasileiras com Krisiun e Nervosa.

O quarteto era um projeto paralelo formado por duas então integrantes da Nervosa, um trio. Fernanda Lira (vocal e baixo) e Luana Dametto (bateria) saíram em 2021  transformaram o projeto Crypta, de death metal, em ocupação principal. Deu tão certo que foram um dos destaques do festival alemão Wacken, em 2022. Estão gravando o novo disco em São Paulo.

A banda Nervosa entra em seu 13º ano sob o signo de mais uma reformulação. Com as saídas de Fernanda e Luana, a guitarrista Prika Amaral conseguiu reformar a banda em dois meses com musicistas internacionais – cada integrante, todas mulheres, era de um país diferente.

Elas só se encontraram pessoalmente no aeroporto de Madri para irem a Málaga, também na Espanha, e gravar o bom disco “Perpetual Chaos”. 

Deu certo no começo e a formação parecia promissora, mas uma série de problemas de saúde e familiares implodiram o grupo. Agora banda é um quinteto e nenhuma das três musicistas que entraram em 2021 permaneceu.

Em meio ao processo de gravação do quinto álbum, a Nervosa passa por nova reformulação liderada por Prika, que hoje mora na Itália. Entretanto, o mercado ainda reconhece a Nervosa como uma força emergente do metal extremo internacional.

Ascensão, aliás, é uma palavra que descreve bem a trajetória recente de duas bandas que trabalham com a mesma vocalista. A surpreendente Karina Menascé, estupenda cantora, criou a Allen Key como um grupo voltado ao metal mais tradicional. 

O álbum “The Last Rhino” frequentou as listas de melhores do ano de 2021 e apresentou a cantora como um talento como compositora e cantora de voz potente e versátil.

A versatilidade pode ser conferida no disco citado e no trabalho da banda Mercy Shot, na qual foi convidada a participar quando o material já estava composto. 

É um metal mais moderno, com afinações mais baixas e mais acelerado e agressivo que o da Allen Key, mas Karina dá um show de interpretação e versatilidade.

Os mesmo elogios pode ser estendidos a outro nome importante d rock pesado nacional, a cantora paulista Daísa Munhoz, da banda Vandroya e com participações marcantes em canções dos mineiros do Tuatha de Danann e projeto Soulspell.

Ela foi convidada para trabalhar recentemente com a banda Twilight Aura, um projeto antigo do guitarrista André Bastos (que mora nos Estados Unidos). 

O primeiro disco do projeto é excelente e mistura heavy tradicional com o metal progressivo, uma área bastante confortável  para Daísa, que hoje é uma das mais requisitadas cantoras do underground brasileiro. 

** Cortesia do site Combate Rock – www.combaterock.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *