Nova biografia tenta desvendar o misterioso Belchior


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Depois da campanha de financiamento coletivo, realizada entre janeiro e fevereiro de 2021 através do site Benfeitoria – tão bem-sucedida que levou a editora Sonora a entrar na concorrência do Prêmio Benfeitoria de Financiamento Coletivo –, o livro “Viver é melhor que sonhar: Os últimos caminhos de Belchior” chega às lojas no mesmo mês em que a morte de Belchior completa quatro anos. 


Seus autores, Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti, se uniram à equipe da série documental “Procurando Belchior”, produzida pela Urca Filmes com coprodução do Canal Brasil. 
 Fuscaldo e Bortoloti auxiliarão como pesquisadores e colaboradores da série, que tem direção de Eduardo Albergaria, roteiro assinado por Daniel Dias, Leonardo Edde e do próprio Albergaria, e deverão ainda colaborar no desenvolvimento de um roteiro de longa metragem de ficção sobre Belchior. A série refaz os últimos passos de Belchior, sua fuga para o Uruguai, e tem lançamento previsto para outubro.

Antonio Carlos Belchior é autor de um dos gestos mais intrigantes da história recente da MPB. Artista respeitado, dono de um repertório do qual qualquer músico poderia se orgulhar, carreira de sucesso, padrão de vida confortável, cercado de amigos, cercado de mulheres. 


Com 60 anos recém-completos, deixou tudo isso para trás, rumo a uma jornada incerta e anônima pelo sul do país, que terminaria com sua morte dez anos depois. Não explicou a ninguém o motivo do seu desaparecimento, não pediu dinheiro emprestado aos amigos, só deu um telefonema a um dos filhos durante este período. 


Em companhia de uma nova produtora e amante, Edna Assunção de Araujo, de pseudônimo Edna Prometheu, percorreu dezenas de cidades, viu de longe seu patrimônio ir embora, foi caçado pela justiça e pela imprensa, dormiu em locais abandonados, dependeu da caridade de desconhecidos, foi expulso de casas por pessoas que o abrigavam, e não retrocedeu.

Por que Belchior agiu assim? Esta pergunta foi feita por muitos fãs, familiares, colegas e amigos. Esta mesma questão moveu particularmente os jornalistas Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti no exato momento em que viviam uma transformação, em que se especializavam no mundo acadêmico com o intuito de se firmarem cada vez mais como pesquisadores, também fãs do cantor e interessados em mergulhar em suas origens. Assim nasceu este livro, designado road book, por ter sido produzido enquanto Fuscaldo e Bortoloti percorriam as paralelas anteriormente percorridas por Belchior.

Para chegar ao fundo desta questão, os dois percorreram cidades por onde o cantor passou, antes e depois do sumiço. Foram ao Rio Grande do Sul, seguiram para o Uruguai, depois para São Paulo e finalmente chegaram ao Ceará. 


Andaram de trás para frente: foram do lugar onde ele morreu até o lugar onde ele nasceu. Neste trajeto de mais de 10 mil quilômetros, entrevistaram mais de 150 pessoas pessoas que tiveram contato com ele, conheceram locais onde ele se hospedou, dormiram em camas onde ele dormiu, reviraram suas malas deixadas para trás. 


Consultaram processos e documentos que levavam seu nome e anotações pessoais, perturbaram sua família com perguntas indiscretas, choraram com alguns depoimentos, entrevistaram suas amantes, seus advogados, seus amigos de infância.  


Faltava na literatura musical recente do Brasil uma obra que mergulhasse no universo intrigante, estranho e misterioso de Belchior. 

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