Depois de quase uma década, temos um álbum do Metallica

Um critica contundente que se faz aos artistas de rock clássico neste século – talvez a principal delas – é que essas bandas/artistas perderam a capacidade de surpreender o público, patinando em fórmulas cômodas e ultrapassadas. Pergunte a um apreciador de rock deste segmento qual foi p último disco importante, com hits, e ele terá dificuldade em responder.

O Metallica é uma vítima em potencial deste pensamento, seja por um suposto comodismo, seja por absoluta falta de inspiração – são apenas seis discos neste século, contando parceria pouco expressiva com Lou Reed em “Lulu”.

O sexto álbum, recém-lançando, “72 Seasons”, é uma tentativa bem-sucedida de amenizar a questão das grandes expectativas em torno de um lançamento de músicas inéditas mais de sete anos depois do último – e bom – trabalho, “Hardwire… and Self-Destruction”.

O novo trabalho é ainda melhor e registra uma série e canções que irão agradar até os fãs mais exigentes. O quarteto tentou surpreender, não conseguiu, mas os esforços foram compensados com a volta de alguma inspiração. Já é bastante coisa.

“72 Seasons” é interessante por resgatar uma espécie de “gana” esquecida em algum lugar nos anos 90, quando a banda estourou mundialmente com “Metallica”, conhecido como “Black Album”. Foi o disco que colocou definitivamente o metal nas paradas de sucesso e em todas as rádios.

As novas canções soam como um recado direto a quem achou que a banda ficaria eternamente acomodada nos louros do sucesso do passado. Ok, é uma resposta tardia, mas ela veio, e com bons exemplos de músicas fortes e mais estimulantes.

Foi um processo longo, iniciado em 2009 com o razoável “Death Magnetic”, passando pela maturação de um trabalho ousado e ambicioso, como “Hardwire” – apesar de irregular, contém boas ideias.

Inteligente e baseado em ótimos riffs, “72 Seasons” é forte e categórico mesmo sem ser surpreendente. Coletando pedaços de inspiração em músicas dos anos 80 e 90, o Metallica criou algumas peças instigantes, como a ótima “If Darkness has a Son”, que tem ares progressivos e riffs muito pesados.

A faixa-título segue na mesma toada, densa, forte e pesada com as guitarras trovejando em sequências de riffs bem construídos. O mesmo pode ser dito da estimulante “You Must Burn!”, que tem solos excelentes e uma timbragem de guitarra que faz o som ficar muito grande.

O novo álbum tem algo que faltava nos mais recentes: um clima bom no estúdio, que foi uma extensão do processo de composição. Dá a impressão de que os quatro integrantes entraram leves no estúdio, sem serem acossados por problemas administrativos ou mesmo de bloqueios criativos.

O primeiro single, “Lux Aeterna”, a música mis fraquinha, digamos assim, é uma clara demonstração de que gravaram com vontade, em um thrash metal quase punk que surpreendeu pela velocidade e pela urgência, algo que não se via no Metallica desde os anos 80.

O guitarrista James Hetfield recuperou o prazer de cantar e deixou um pouco da raiva de lado e adicionou várias pitadas de sarcasmo, ironia e até mesmo alto astral em suas interpretações, como na curiosa e interessante “Sleepwalk My Life Away”, que tem ótimo refrão.

“Crown of Barbed Wire” é outro exemplo de como eles entraram com outra postura no estúdio. os vocais e as guitarras exalam uma vontade de tocar e de fazer rock and roll. É uma clássica faixa do Metallica, pesada e com riffs cavalares preenchendo todos os espaços.

É besta faixa que Lars Ulrich faz o seu melhor trabalho no disco. Foi bem por inteiro, mas aqui ele imprime linhas de bateria que diferem do que normalmente estamos costumados a ouvir em músicas thrash deste século. Quem ainda tem dúvidas a respeito de suas qualidades como instrumentistas, pode dirimi-las aqui.

“Too Far Gone” e “Room of Mirrors”, apesar de serem bem clichês de metal, suprem bem a carência de material novo, embora não sejam tão impactantes como as anteriores, da mesma forma que “Shadows Follow” e “Screaming Suicide”, mais comuns e sem a força de riffs contundentes.

A dificuldade de surpreender vai continuar para as bandas mais antigas e com mais de 30 ou 40 anos de estrada. É bobagem esperar outro “Master of Puppets”, agora que todos os integrantes estão na casa dos 60 anos de idade e em outro estágio da vida – usufruindo, com razão, os fruto do sucesso. 

Entretanto, ainda é possível esperar de artistas deste porte, ou de alguns deles, trabalhos autorais inéditos com força e qualidade ainda que não se tornem clássicos. Deep Purple mandou bem em “Now What” e “Infinite”, o Saxon também em “Carpe Diem” (a música “The Pilgrimage” é ótima) e o Dream Theater lançou o maravilhoso “A View From Top of the World”. Portanto, louvemos a qualidade e a vontade inseridas em “72 Seasons”.

** Cortesia do site Combate rock – www.combaterock.com.br

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