Yardbirds, um celeiro de craques – parte 1

O quinteto Yardbirds é o melhor exemplo de que, de onde se menos espera, nada vinga mesmo, exceto se acontecer alguma coisa surreal, como abrigar três dos maiores gênios do rock – Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page.
Banda de quintal em 1962, com um cantor ruim e músicos que mal sabiam tocar, acabaram, num golpe de sorte, apadrinhados pelo empresário de origem ucraniana Giorgio Gomelsky, um dos sócios do Crawdaddy Club, reduto dos amantes do blues norte-americano em Londres.
Ele estava desesperado com a possibilidade de perder seus meninos de ouro, a banda residente de nome ridículo The Rolling Stones, que era de longe a melhor que já havia tocado por lá. Os Stones já tinham contrato naquele final de 1962 com a Decca Records e logo seguiriam os passos de Beatles e Kinks.
Gomelsky não conseguia achar substitutos para ser a banda residente – tocar ao menos três vezes por semana. Os candidatos tinham de tocar blues, ou algo próximo disso.
Quem mais chegou perto foram os moleques dos Yardbirds, ainda crus e sem traquejo. Deveriam ficar tocando até que alguém melhor aparecesse no começo de 1963.

Foto rara da formação dos Yardbirds com os dois magos da guitarra: em cima, Jimmy Page (esq,) e Jeff Beck; embaixo, Keith Relf (esq., vocalista), Jim McCarthy (bateria) e Chris Dreja (baixo) (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Foto rara da formação dos Yardbirds com os dois magos da guitarra: em cima, Jimmy Page (esq,) e Jeff Beck; embaixo, Keith Relf (esq., vocalista), Jim McCarthy (bateria) e Chris Dreja (baixo) (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Keith Relf (vocal), Paul Samwell-Smith (baixo), Chris Dreja e Anthony “Top” Topham (guitarras) e Jim McCarty (bateria) foram peitudos e encararam o desafio de enfrentar a exigente, mal-educada e mal-acostumada plateia do Crawdaddy no começo de 1963. Mesmo tocando muito mal, surpreendentemente agradaram, graças aos longos improvisos.
Gomelsky não acreditou que atirou no viu e acertou no que não viu. Logo obrigou o quinteto  a aceitá-lo como empresário, com condições de contratos inaceitáveis em qualquer época.
Gomelsky virou dono do grupo e dos meninos. Primeira medida: expulsar Topham, que realmebte era bem ruinzinho, e fazer uma audição com um menino de 18 anos bem recomendado por amigos, um tal de Eric Clapton, já considerado geniozinho.
Bastou Clapton afinar a guitarra por dois minutos  na hora da audição de teste para ser contratado. O salto de qualidade que a banda deu em apenas duas semanas foi absurdo sob a influência de Clapton. Todos passaram a estudar e ensaiar mais. Rapidamente viraram a sensação do underground londrino e fizeram os frequentadores do Crawdaddy esquecerem os Stones.