Yngwie Malmsteen decepciona em album 'blueseiro'


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O menino sueco era o “deus” da guitarra em 1984 e o cara que iria revolucionar a música. Quem ousaria misturar a genialidade do mestre italiano do violino Niccolo Paganini com a velocidade e estridência do heavy metal?

Yngwie Johann Malmsteen chegou a Los Angeles com fama de gênio, mas os companheiros de Alcatrazz, liderados pelo vocalista inglês Graham Bonnet, ex- Rainbow, não quiseram saber do prodígio da guitarra: ou ele se enquadrava ou caía fora.

E o moleque arrogante e presunçoso arrumou quem o bancasse para engatar uma genial carreira solo 35 anos atrás. Pena que o sopro de criatividade durou menos que o esperado.

Quase 40 anos depois de chegar aos Estados Unidos, a sua segunda pátria, Malmsteen volta ao cenário de forma despojada e menos retumbante, embora com pompa e circunstância.

“Blue Lightning” é o seu novo álbum, uma coleção de covers de blues e classic rock com algumas canções autorais. Pareceu ser uma tentativa de reeditar os anos dourados, mas não passa de uma divertida, mas sem inspiração, sessão musical pouco inspiradora.

Algo parece fora de compasso no trabalho recente: ele quer prestar uma homenagem aos heróis e ao blues, mas não entendeu que a velocidade dele está em desacordo com o mundo que o cerca.

“Smoke on the Water” até faz um pouco de sentido, já que Ritchie Blackmore, do Deep Purple, é o seu maior ídolo, mas as milhões de notas que ele despeja estonteiam o ouvinte. É excesso demais da conta.

“Demon’s Eye”, um um blues poderoso do mesmo Deep Purple, é outra música que é soterrada por notas demais. “Foverer Man”, de Eric Clapton, tem boas ideias, mas também sucumbe a uma necessidade gigantesca de velocidade e milhares de notas.

E aí chegamos a “Paint It Black”, dos Rolling Stones, destruída diante da ansiedade de Malmsteen em demonstrar virtuosismo de velocidade. Falta fôlego para acompanhar a carga energética do sueco.

“While My Guitar Gently Weeps”, dos Beatles, acaba sendo a melhor performance do álbum, com as premissas originais respeitadas, com um solo de muita inspiração. Só que as duas homenagens a Jimi Hendrix, “Foxy Lady” e “Purple Haze”, colocam quase tudo a perder, com os solos e riffs executados à velocidade da luz, sem respeitar as “necessidades” das canções.

Nas canções autorais, o guitarrista repete as mesmas fórmulas de 20, 30 anos antes, com bases rock e blues para que execute seus malabarismos estonteantes que provavelmente seriam  chocantes em 1984, mas que nada acrescentam em 2019 – são os casos da faixa-título e da interessante “Blue Jeans Blues”.

Yngwie Malmsteen não mudou a história do rock como instrumentistas como Eddie Van Halen. Teve chances para isso? Talvez, mas a arrogância e o pedantismo o congelaram em um nicho que teve seu auge no final dos anos 80, mas que derreteu nas duas duas décadas seguintes.

O sueco ainda está preso aos velhos truques de 30 anos atrás. Deu certo em alguns momentos, mas faz tempo que as coisas mudaram e o cidadão  parece não perceber. Ouvir “Blue Lightning é agradável e prazeroso, mas longe de ser memorável.

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