U2 acerta ao reverenciar 'The Joshua Tree', lançado há 30 anos


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Oportunismo ou reverência? Assim como a proliferação de acústicos e tributos e álbuns de covers nos anos 90, a onda de executar trabalhos na íntegra que assolou essa década recebeu e ainda recebe muitas críticas por conta de suposto comodismo e ideias caça-níqueis.
No caso do U2, que faz o último dos quatro shows em São Paulo nesta quarta-feira (25/10), a acusação de oportunismo perde força por conta do álbum tocado inteiro nesta turnê, o excelente “The Joshua Tree”.
Lançado há 30 anos, é cultuado como o melhor álbum da banda (eu considero o melhor o anterior, “The Unforgettable Fire”, de 1984, aquele que definiu o som do U2 e impulsionou o grupo para o estrelato).
A importância de “The Joshua Tree” é quase impossível de ser medida dentro dos 40 anos de existência do U2 – sempre com a mesma formação.
Não é só o fato de estar recheado de hits e de ter vendido milhões e milhões de cópias. Isso bastou para colocar o quarteto no primeiro time do rock dos anos 80, no top 5 das bandas que vendiam mais ingressos e mais rapidamente para shows em estádios – atingindo o patamar de Rolling Stones, Madonna, Michael Jackson e outros.
Foram três anos dento do moedor de carne do estrelato para que “The Joshua Tree” encontrasse o seu formato e o seu conceito, sem ser conceitual.
Menos rock, menos pesado, mais pop e menos politizado, o álbum colocou definitivamente os irlandeses no Olimpo do entretenimento mundial, de forma a surpreender a própria banda.

Quem diria que o mergulho profundo na alma dos americanos fariam os meninos de Dublin serem abraçados pela América do Norte?
Eles aprenderam rápido e abriram “The Joshua Tree” com um épico, do mesmo calibre que “Pride (In the Name of Love”, o hit arrasador do álbum anterior, com um clipe bem feito imitando os Beatles ao fazer um show em um terraço de prédio em Los Angeles, com direito a policiais ensandecidos.
O aprendizado foi rápido também ao buscar o experimentalismo na fantástica “Bullet the Blue Sky”, que recebeu tantas versões que o número se perde – até o Sepultura fez a sua, que ficou maravilhosa.
E o que dizer da balada country-folk “Running to Stand Still”, com sua densa carga emocional e de esperança, fazendo o contraponto para a balada gospel “I Still Haven’t Found What I’m Looking For?”
Se o maior hit de todos, a suposta plagiada “With or Without You”, destoa em termos de qualidade lírica, já que é uma típica balada pop romântica oitentista preparada especialmente para as emissoras de rádio, o “deslize” é compensado pelas reflexivas “Red Hill Mining Town”, um country rock climático, e “In God’s Country”, uma tacada certeira no coração dos americanos apaixonados por temas épicos. E ainda tem a política “Mothers of Disappeared” encerrando a obra.
Longe de ser apelativa, a decisão do U2 de celebrar os 30 anos de seu mais importante lançamento mostra que um grupo megagigante ainda tem sensibilidade para revisitar o próprio catálogo e fazer um belo tributo a si mesmo sem soar oportunista.
 

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