Solid Rock: boa música para pouco público
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O público foi abaixo do esperado, devido aos cancelamentos das atrações inicialmente anunciadas, ZZ Top e Lynyrd Skynyrd, e a infeliz substituição por Cheap Trick e Tesla, muito menos conhecidas por aqui. As pessoas que ocuparam pouco mais da metade do estádio Allianz Park, porém, puderam acompanhar três apresentações de qualidade.
O Tesla nunca teve o sucesso que mereceu, apesar da boa técnica de seus integrantes. Quem ainda não conhecia, pôde perceber que suas músicas são muito bem compostas, mas não apelam para o lado comercial. Neste show, ficou claro o motivo de o disco deles que mais vendeu ter sido o unplugged “Five Man Acoustical Jam”, pois quando tocaram os acústicos “Signs” e “Love Song” o público se empolgou mais. Ainda sob forte sol, o Tesla mostrou entusiasmo, mesmo com público reduzido.
O rock engraçado do Cheap Trick subiu aos palcos no crepúsculo do dia, falando bastante com a plateia. Era evidente que os poucos presentes conheciam a banda. Nem os hits “The Flame”, “I Want You To Want Me”, “Dream Police” e “Surrender” conseguiram colocar o público para cantar. Para criar uma conexão, Rick Nielsen aproveitou paara apresentar a cover “In The Street” como a música do seriado “That 70’s Show”. O vocalista Robin Zander expressou a alegria de tocar no Brasil, local ainda não visitado nos trinta anos de carreira do Cheap Trick. E, realmente, todos os músicos estavam bem animados, inclusive Frank Hannon, do Tesla, que subiu aos palcos para acompanhar o Cheap Trick em uma música.
A grande maioria do público compareceu para assistir a última turnê do Deep Purple pelo Brasil, um destino constante da banda desde os anos 1990. A idade avançada dos seus músicos não reduziu a maestria com que tocam seus instrumentos, e isso ficou claro já na introdução de “Highway Star”, que abriu a noite. É sempre interessante acompanhar esses hinos do rock ao vivo, pois o Deep Purple sempre modifica algum arranjo a cada turnê. Essa versão de “Highway Star” traz uma pegada mais forte do que outras anteriores. “Pictures of Home”, a segunda da noite, é uma música fantástica que há algum tempo integra o set list merecidamente, pois era relegado antes como um lado B do LP “Machine Head”, recheado de clássicos eternos – tanto que cinco faixas foram tocadas nesta apresentação.
Das novas músicas, foram tocadas “Birds of Prey” (do último álbum, “Infinite”) e “Uncommon Man” (a homenagem a Jon Lord incluída em “Now What?!”). O show foi bem enxuto, sem partes instrumentais muito longas, com apenas um solo individual, do tecladista Don Airey. A necessidade de adaptação às restrições impostas pela idade exigiu esse formato, para que o que fosse apresentado mantivesse a qualidade que os fãs estão acostumados.
Não houve nenhuma apelação sentimental a respeito da despedida dos palcos brasileiros. Após “Black Night”, Ian Gillan encerrou com um “boa noite” respeitoso. O Deep Purple escreveu a última página de uma bela história de interação com os fãs brasileiros.
Fotos: Eduardo Kaneco