"Led Zeppelin", de Gus Cabezas, traz uma visão diferente da banda


Na biografia “Led Zeppelin” (Madri, Espanha: Ediciones Cátedra, 1997), o espanhol Gus Cabezas, autor também de “AC/DC”, “Kiss – Más Caliente Que El Infierno” e “Las Mejores Portadas de Discos”, conta de forma pessoal e voltada ao público local a trajetória da banda formada por Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham.
O linguajar reflete os costumes de escrita espanhóis, direta e por vezes utilizando sem pudores referência sexuais como ferramenta para suas descrições. Para Cabezas, o solo de Page em “Good Times, Bad Times” é como uma “eyaculación sónica“.  E Plant é descrito como um vocalista “en erección perpetua“.
Além desse aspecto, Cabezas faz algumas observações curiosas sobre alguns momentos da música zeppeliana. Por exemplo, em “Black Dog”, o autor enxerga um “increíble riff, que no para de entrelazarse sobre sí mismo”.
Pode ser, ainda, que os leitores brasileiros se sentam desconfortáveis no trecho em que Cabezas aponta o Brasil como um dos dois territórios exóticos (ao lado de Taiwan) onde “Stairway to Heaven” foi lançado em formato de EP com outras faixas da banda.
O livro é dividido em capítulos em ordem cronológica, contando a história da banda com destaque para as longuíssimas turnês norte-americanas e os seus memoráveis episódios (desvendando alguns fatos violentos e até criminosos, principalmente aqueles protagonizados por Bonham e o empresário Peter Grant). Cada LP é inserido obedecendo a linha do tempo de forma padronizada: dados de locais e datas de gravação e de lançamento, e posição nas paradas (na Grã-Bretanha, EUA e Espanha), data de reedição em cd, comentários sobre a capa e resenha do conteúdo, abrindo ainda para comentários faixa-a-faixa, além de citar quais foram as canções deixadas de fora. Há poucas imagens e somente em preto-e-branco.
Apesar de não citar todas as fontes, o autor revela vários números relativos às apresentações do Led Zeppelin, revelando cachês milionários e seguidos recordes de público. Resultados, mostra-se, da perspicácia do empresário Peter Grant, além, claro do talento imprevisível dos músicos, que podiam fazer shows de três, quatro horas de duração.
A leitura é rápida e sempre interessante, pois Cabezas explora bem o lado living on the edge da banda, envolto em vários acontecimentos que parecem coisa de cinema: recordes de vendas e de público, rivalidades e amizades com bandas contemporâneas, brigas com empresários do show business e com a crítica especializada, envolvimento com groupies, multidões descontroladas, magia e ocultismo, problemas com a polícia, roubos, estupros e tragédias pessoais. O Led Zeppelin, conta o livro, foi poderoso… e não apenas em termos musicais.