Pink Floyd celebra os 50 anos de ‘The Dark Side of the Moon’
Uma elegia à modernidade ou uma contundente crítica ao estresse da vida moderna e à constante sensação de que a vida está mais acelerada e passando mais rápido? Dependendo da época e do ponto de vista de espectadores e de seus criadores, “The Dark Side of the Moon” ganha novas cores e diferentes interpretações.
O fantástico álbum do Pink Floyd, provavelmente a sua obra máxima, foi lançado no começo de março há 50 anos e foi alçado a um disco de “inspiração acadêmica”, digamos assim: não se sabe ao certo quantas dissertações de mestrado, doutorado e pós-doutorado ele deu origem.
Para celebrar a data, os administradores do legado da banda, que acabou oficialmente em 2015 – 1995, na verdade, já que a inatividade vem daquele ano -, pretendem relançar o álbum em nova versão expandida e cheia de bônus.
Cinco anos atrás o mundo tinha recebido de boca aberta a “Immersion Verson”, uma caixa com seis CDs e livro fartamente ilustrado, em embalagem de luxo.
O anúncio veio cercado de polêmica – inexistente, se levarmos em consideração o “teor’ da coisa. Gente muito imbecil está “protestando” contra a “capa” e o logo estilizado lançado em janeiro com as cores do arco-íris. Acham que se trata de um apoio às causas que envolvem identidade de gênero e assuntos LGBTQIA+. Criticam até mesmo as cores que saem do prisma na capa de fundo preto. É a prova perfeita de que a burrice não tem limites…
É o melhor trabalho do Pink Floyd e o mais marcante impactante, até mesmo mais do que o multiplatinado “The Wall”. É inovador desde os primeiros segundos e estabeleceu novos padrões de gravação e criação de sons em estúdio.
“The Dark Side of the Moon – Os Bastidores da Obra-Prima do Pink Floyd”, livro de John Harris, traça um panorama preciso de como surgiram as primeiras ideias para o trabalho, ainda em 1971, com a curiosidade de que as sessões de gravação e composição era frequentemente interrompidas.
O baixista e vocalista Roger Waters não perdia um jogo do Arsenal, popular clube de futebol de Londres, que acabaria sendo campeão inglês naquele ano após 18 anos de fila. Havia ambição e ousadia, diziam os músicos, mas o conceito do álbum só viria mais tarde, após intensas sessões de composição e gravação muitas vezes infrutíferas.
“Muitas vezes era exasperante enfrentar horas de estúdio e um perfeccionismo de todos, mas chegou um momento em que as coisas fluíram bem”, narra o baterista Nick Mason em seu livro de memórias, “Inside Out”, já lançado no Brasil.
O objetivo inicial do grupo era criar um álbum mais palatável, diferente dos anteriores “Atom Heart Mother” e “Meedle”. Mas como fazer isso sem perder as qualidades de produção e criação de seus membros?
Na obra de Harris, o engenheiro de som Alan Parsons (que mais tarde criaria o Alan Parsons Project) conta como a elaboração do álbum se tornou um jogo de xadrez para que todos se sentissem contemplados e satisfeitos.
Ex-membro da equipe que trabalhou nas últimas obras dos Beatles, Parsons traçou vários paralelos entre os procedimentos e a forma de como a duas bandas trabalhavam.
“Havia sempre uma usina de ideias nos dois ambientes, não havia limites para a inspiração e a criatividade. Era muito duro e cansativo, mas ao mesmo estimulante. Todo mundo seguia em frente e buscava oferecer coisas novas”, diz o engenheiro.
Se o álbum não era conceitual na forma, como “Tommy”, do Who, o era na essência, com alguns temas permeando as músicas, que abordam a ganância, passagem do tempo, insanidade, morte, conflitos diversos e, n limite, a loucura.
Alan Parsons é uma das chaves para ao sucesso da obra, com suas aventuras no estúdio em busca de novas sonoridades em uma gravação em 16 canais.
O então engenheiro de som até hoje fica abismado com os sons que as várias versões remasterizadas de “Dark Side” ressaltam. Em um especial para a TV inglesa sobre o Pink Floyd, soltou uma pérola: “Muitas vezes eu me pergunto como conseguimos fazer as coisas que fizemos. A cada audição é uma surpresa.”
“The Dark Side of The Moon” foi o maior sucesso comercial do Pink Floyd, com vendas que superaram os 50 milhões de cópias físicas no mundo e alcançado o recorde da revista Billboard de tempo seguido na lista de discos mais vendidos.
O álbum ficou 741 semanas consecutivas, entre 1973 e 1988 no chart de LP & Tapes e ainda hoje é um dos mais vendidos da Amazon, iTunes e em diferentes formatos – MP3, vinil e CD.
** Cortesia do site Combate Rock – www.combaterock.com.br