Movimento punk celebra os 45 anos do lançamento do único disco dos Sex Pistols
Os Sex Pistols foram superestimados e costumam ser lembrados, muitas vezes, mais pelo seu comportamento ultrajante (e calculado) do que pelas próprias músicas – apenas duas delas são memoráveis. Entretanto, são a marca de uma era.
Seu único disco, “Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols”, foi lançado há 45 anos e fez bastante barulho – sucesso, nem tanto.
O ultraje era a principal arma da banda montada no escritório de uma loja de roupas por um empresário picareta, mas muito, muito esperto.
Em meio a um rock inodoro, incolor e cooptado pela sistema, recheado de pomposidade e autoindulgência, a resposta era barulho e mais barulho, e um ultraje atrás do outro, como mijar na rua e cuspir nas pessoas. Deu certo.
Sex Pistols não foram pioneiros em nada, mas reuniram em quatro indivíduos toscos e que não sabiam tocar os ingredientes para chocar e estremecer o mundo do entretimento.
A Inglaterra vivia uma eterna crise econômica e política na segunda metade dos anos 70, com desemprego em alta entre os jovens e nenhuma perspectiva de futuro. “No future for you”, gritava o vocalista podre Johnny Rotten. Era o cenário perfeito para uma revolução.
Os detratores costumam dizer que Sex Pistols foi criada artificialmente e que sua música era tosca, ruim, mal tocada e com cara de “fake”, produzida deliberadamente para ser ultrajante – o que feriria de morte qualquer tentativa de lhe atribuir um caráter “revolucionário”, “contestador” e de “ruptura”.
Era isso mesmo, uma armação mesmo, reconhecida pelo próprio McLaren, só que a iniciativa saiu do controle e cresceu demais, a ponto de se autodestruir – durou pouco mais de 18 meses e acabou em meio a uma turnê pelos Estados Unidos.
A banda se autoconsumiu dentro de suas limitações, se sua ascensão meteórica e da completa incompatibilidade musical entre os quatro músicos – o baixista Sid Vicious, por exemplo, que substituiu Glen Matlock, mal sabia tocar.
Apesar de tudo isso, “Never Mind the Bollocks” funcionou porque tinha uma urgência e soube entender o que o momento cultural pedia. Apenas duas das canções eram realmente boas – “God Save the Queen” e “Anarchy in the UK”, mas que foram o suficiente para catapultar a banda, ue ao vivo era caótica e barulhenta, mas bem ruinzinha.
“Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols” chegou ao mercado em 28 de outubro de 1977. Não foi o marco zero da música punk, mas pode ser considerado como a catalisadora de um movimento e responsável por popularizá-lo de uma maneira assustadora para aquele momento.
Os punks mais dedicados costumam falar que tudo aquilo não passava de um grande marketing idealizado por Malcolm McLaren. O fato é que, do seu modo, os Sex Pistols provocaram algo no cenário musical e no comportamento das pessoas.
Pouco antes do álbum ser lançado, Sid Vicious entrou no lugar do baixista Glen Matlock. No disco, contudo, ele participa efetivamente apenas em uma faixa {“Bodies”) e as demais, de 1977, foram tocadas pelo guitarrista Steve Jones.
Da mesma forma meteórica que invadiu o cenário musical, o Sex Pistols desapareceu. Logo no início de 1978, depois de uma conturbada turnê pelos Estados Unidos, Johnny Rotten (agora John Lydon) deixou a banda e anunciou a interrupção dos trabalhos do grupo. Em fevereiro 1979, Sid Vicious morreu de overdose.