Celebrando o passado, Led Zeppelin dava o seu adeus definitivo há 15 anos

Era para ser o fato do século e a volta mas esperada de toda a história do rock, já que, definitivamente, os Beatles estavam acabados com as mortes de John Lennon e George Harrison. E então o Led Zeppelin subiu ao palco há 15 anos para atiçar a todos. Tocaram quase duas horas e sumiram para sempre.

O concerto anunciado pata 10 de dezembro de 2007 na O2 Arena, em Londres, virou o mundo do entretenimento de ponta-cabeça e provocou o maior leilão de ingressos, que eram escassos, de todos os tempos.

A procura foi tão grande que o cantor de The Who, Roger Daltrey, amigo do vocalista Robert Plant, o mais  reticente em relação ao show, decidiu leiloar o ingresso que ganhou em prol da entidade assistencial da qual é patrono, a Teenage Cancer Trust. Arrecadou uma bela grana, disse ele á época.

Plant sempre considerou Led Zeppelin morto e sepultado desde setembro de 1980, quando o baterista John Bonham morreu aos 32 anos em consequência do consumo excessivo de álcool em apenas 24 horas.

A partir de então, os três remanescentes só se encontraram duas vezes para tocar, e sempre em prol de causas humanitárias. Foi assim no Live Aid, em 1985,em favor dos africanos famintos, com Phil Collins e Chester Thopson tocando bateria; e no aniversário de 40 anos da gravadora Atlantic e 1988, com Jason Bonham na bateria – o filho do colega morto.

O mesmo Jason assumiu as baquetas 19 anos depois no concerto que foi uma homenagem a Ahmet Ertegun, o eterno presidente-dono-inspiração da Atlantic (a gravadora da banda), que morrera aos 80 anos no ano anterior.

Jimmy Page, o guitarrista, foi o maior entusiasta da reunião, mas jamais conseguiu convencer o vocalista a retomar as atividades. O máximo que conseguiu foi gravar dois álbuns e um DVD nos anos 90 com o parceiro sob a alcunha Page-Plant. O cantor exigiu que nada tivesse relação com a antiga banda, o que incluía a estranha exclusão do baixista John Paul Jones, que completava o quarteto.

Estabelecida a causa humanitária e a homenagem a Ertegun, e garantida que seria apenas uma única apresentação, Plante aceitou participar, meio a contragosto. Page, Plant e Jones voltaram aos ensaios ao lado de Jason Bonham em Londres após 27 anos de separação. Foram duas semanas de ensaios nem tão tranquilos, mas suficientemente “aceitáveis”.

Todos sexagenários à época, estavam em estágios distintos da vida e da carreira. O vocalista era agora um cantor country-folk em parceria com a cantora americana Alison Krauss; John Paul Jones era um produtor musical bissexto que queria começar o projeto Them Crooked Vultures ao lado de Dave Grohl (bateria e guitarra, Foo Fighters e ex-Nirvana) e Josh Homme (Queens of the Stone Age), e que gravou apenas um disco; Page, quase aposentado, se dedicava a remasterizar os discos da banda e a viajar om frequência ao Brasil.

A banda enfrentou a ferrugem, a má vontade de Plant, o ressentimento de Jones e o deslumbramento de Bonham. Page era todo sorrisos e foi quem mais curtiu a noite especial. E daí que a voz de Plant estava quase sumida? E daí que Page errava algumas vezes? E daí que a sensação nítida era de que faltava(m) alguma(s) coisa(s)?

“Celebration Day”, que virou CD duplo e DVD algum tempo depois, foi uma das mais importantes e interessantes celebrações do rock. Havia também outra sensação: a de que o show era necessário para que finalmente as portas se fechassem e deixassem o Led Zeppelin descansar em paz.

Com transmissão para o mundo todo e um clima de “coroação de rei”, o show literalmente parou Londres e eletrizou o país, como se fosse a final da Coa da Inglaterra de futebol.

Todo mundo se divertiu, até o reticente vocalista. Tudo deu certo e nós pudemos voltar no tempo por algumas horas e presenciar uma apresentação daqueles gigantes e reviver o tempo em que os mesmos gigantes pisavam sobre a Terra.

Para comemorar os 15 anos da histórica apresentação, os administradores do espólio da banda retransmitiram o show, na íntegra, no canal do Led Zeppelin no YouTube, no dia 10 de dezembro passado, em altíssima definição.

Curiosamente, a plataforma digital mantém outra versão do filme, com boa qualidade, em um cana de um usuário russo, aparentemente sem autorização dos ex-integrantes do Led Zeppelin. erra versão pode ser vista ao final deste texto.

** Cortesia do site Combate rock – www.combaterock.com.br

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