A violência sonora e política do Rage Against the Machine completa 30 anos
A fúria era digna de ma banda americana dos anos 60, daquelas que serviam de trilha sonora para movimentos políticos e ativismo, de esquerda ou não. Alguém lembra de MC5 e de grupos politicos como os Panteras Negras?
Vinte e cinco anos depois, surge na Califórnia outra potência do estilo, com mensagem irada, forte e contundente contra o “sistema”. O som era pesado, quente, misturado, e rosnava contra todos. Era o Rage Against the Machine.
Seu álbum de estreia foi lançado há 30 anos e até hoje impressiona pela atualidade, pela contundência e pela força de suas letras. No dia 3 de novembro de 1992, o Rage Against The Machine fazia história.
“Rage Against The Machine”, o álbum, traz uma banda com a fúria necessária para conquistar uma legião de fãs por meio de letras raivosas, politizadas e polêmicas, mas extremamente necessárias.
Tudo isso é aliado a um som que mescla funk, pitadas de heavy metal e várias interpretações que também bebiam na fonte do hip hop. É item obrigatório para qualquer fã de boa música e que gosta de letras que tenham algo a dizer.
O impacto já começa pela capa escolhida: a imagem do monge budista vietnamita Thích Quảng Đức, que ateou fogo em seu próprio corpo em um processo de auto-imolação em 11 de junho de 1963 que resultou em sua morte. A foto da morte do monge, de autoria de Malcolm Browne, ganhou os prêmios Pulitzer e Foto do Ano da World Press Photo.
Quanto às músicas, o carro-chefe do álbum é nada menos que a faixa “Killing in the Name”. Com linguagem forte de protesto, som impactante e um refrão matador em seu final, ela tem letras inspiradas na brutalidade policial sofrida pelo homem negro Rodney King em 1991 e nos subsequentes tumultos de 1992, em Los Angeles, após absolvição dos policiais agressores.
O vocalista Zack de la Rocha é o elemento capaz de inflamar o mais frio dos fãs, com técnica vocal sensacional e uma vibração contagiante.
O guitarrista Tom Morello é o responsável pela máquina sonora de riffs e potência que faz tremer os ambientes, enquanto o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk são a dose necessária para que a energia do grupo permaneça em níveis elevados.
Quinta faixa do disco, “Bullet in the Head” é outro destaque do álbum que aborda a violência policial que não é exclusividade brasileira. “Know Your Enemy” é mantém a energia e traz uma dose complementar de fúria.
Ousando, inclemente sem concessões, é considerado o último grande álbum moido a temas políticos e progressistas do rock.