Keith Richards: Under The Influence (2015) – Resenha do filme
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Um documentário que foge da batida fórmula cronológica das biografias que começam no nascimento e terminam na atual situação da figura retratada, passando pelos momentos mais marcantes conforme a sua linha do tempo.
Na abertura, música clássica embalando imagens bucólicas. Um senhor grisalho aparece de costas, caminhando em câmera lenta. A voz de Keith Richards aparece filosofando um pouco sobre o tempo, finalizando com a frase “You’re never grown up”.
“Blue and Lonesome” abre então espaço para o guitarrista declarar sua paixão pela música. O blues vem de sua coleção de LPs tocada em uma vitrola em sua casa de campo.
O documentário começa então,em Nova York, a tomar forma de documentário jornalístico, com o entrevistador soltando suas perguntas para Keith Richards. Tom Waits aparece em flashes, nesse e em vários momentos posteriores, inclusive em nova jam com Richards. Os músicos são amigos de longa data.
Entre cenas atuais do guitarrista em estúdio, tocando antigas canções de blues, ouvimos suas histórias pré-Rolling Stones, que relatam suas influências musicais iniciais. Além do que sua mãe ouvia no rádio, Elvis Presley e o blues. A música norte-america ocupou papel de destaque nessa sua formação. Na prática, uma guitarra espanhola malaguenha o forçou a adquirir suas habilidades.
O filme parte para Chicago, onde os blueseiros antigos, como Howlin’ Wolf e Muddy Walters, se beneficiaram muito do sucesso do início da carreira dos Stones, tirando-os do reconhecimento local para dimensões mundiais. Vários contos antigos sobre as viagens dos ingleses para essa cidade enriquecem o documentário, inclusive com algumas cenas raras da épca.
Outra forte influência musical nasceu na próxima parada de “Under the Influence”. A country music de Nashville, que caracterizou muitas das canções dos Stones dos anos 70. Hank Williams e Gram Parsons são reverenciados por Richards.
Algumas curiosidades surgem durante o filme. “Sympathy for the Devil” pode ser ouvida em versão folk, como se fosse de Bob Dylan, para então ser alterada várias vezes até a versão definitiva com bongôs.
Keith Richards viveu um tempo na Jamaica, e o reggae se somou à sua bagagem musical. O documentário revela cenas dele tocando com Jimmy Cliff.
A relação tumultuosa com Mick Jagger nos anos 80 é contada por Richards como uma briga entre irmãos, e que o encorajou a gravar discos solos, com outros músicos. Isso o levou a entender melhor a posição de Jagger como frontman.
“Under the Influence” derruba dois mitos sobre Keith Richards. Suas declarações caracterizam uma pessoa lúcida e articulada, e não um “porra louca” como sua imagem popular pretensamente denota. O outro, Richards comprova ser um talentoso músico. Aquela simplicidade de tocar, como se vê nos shows, aparece ampliada aqui. Richards toca muitas canções de seu último disco solo, “Crosseyed Heart”, mas também, principalmente, antigos clássicos de outros músicos, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. E, ainda, toca um pouco de baixo e piano.
O diretor Morgan Neville evita o convencional também nas cenas e na edição. Tomadas inusitadas, evitando a câmera em master shots estáticos, resultam em um filme dinâmico, o que muitos documentários não conseguem ser. Neville é experiente no assunto e já dirigiu ou produziu “Crossfire Hurricane” (sobre os Stones), “Pearl Jam Twenty”, “Johnny Cash’s America”, entre outros.
A produção é da Tremolo Productions e da Radical Media, e está disponível exclusivamente na00 Netflix.
Keith Richards: Under the Influence (2015). 81 min. Dir: Morgan Neville. Com Keith Richards, Steve Jordan, Waddy Wachtel, Tom Waits, Ivan Neville, Clifton Anderson, Kevin Batchelor, Larry Campbell, Charles Dougherty, Bernard Fowler, Paul Nowinski.